Todos nós temos emoções. Todos nós temos oscilações de emoções. Num
determinado dia, estamos bem, o outro não tão bem. Isso pode funcionar dentro
de um círculo de normalidade.
Porém, quando as oscilações tornam-se extremas, ou seja, você pode
sentir-se muito bem ao ponto de perder o sono por isso e, ao mesmo tempo, ou no
dia seguinte, sem razão aparente, você entra em um estado de profunda
depressão, chegando, até mesmo, desejar não viver mais, é nessa condição que
poderá ser diagnosticado, por meio dessas bruscas oscilações de humor, um
possível quadro de transtorno bipolar.
O que é transtorno bipolar?
O transtorno bipolar (TBP) é uma
condição psiquiátrica relativamente frequente, com prevalência na população
entre 1% e 2%. É caracterizado por episódios de alteração do humor de difícil
controle (mania).
Os sintomas podem aparecer em
qualquer idade, sendo mais comum o surgimento entre o início da segunda e meio
da terceira década de vida. As causas da doença ainda não são conhecidas,
mas muitos estudos apontam para a existência de disfunções complexas dos neurotransmissores.
A forma clássica da doença, que
envolve episódios de mania e depressão, é chamada de Distúrbio Bipolar I.
Algumas pessoas, no entanto, nunca desenvolvem mania severa, ao invés
experimentam episódios moderados de hipomania (humor elevado) que são alterados
com sintomas depressivos, esta forma da doença é chamada de Distúrbio Bipolar
II. Algumas pessoas apresentam múltiplos episódios em uma semana ou em um mesmo
dia. Este ciclo rápido tende a se desenvolver quando a doença está adiantada e
é mais comum em mulheres do que em homens.
Os sintomas do transtorno
bipolar (mania) podem variar de pessoa para pessoa.
Os ciclos de entradas e saídas
das manias são únicos para cada pessoa. Para alguns, os pontos altos de humor
nunca se tornarão extremos e são notados apenas pelos membros da família.
Para outros, a mania é aparente,
ou seja, pode ser percebida por todos.
Os sinais e sintomas de mania
(ou episódios maníacos) incluem:
Ø
Aumento de energia na produtividade e não
necessidade de descanso.
Ø
Extrema irritabilidade.
Ø
Pensamentos extremamente rápidos e falar muito.
Ø
Distração - não consegue se concentrar.
Ø
Pouca necessidade de dormir.
Ø
Pensamentos não realísticos sobre habilidades e
poder.
Ø
Julgamento pobre.
Ø
Gastar compulsivamente.
Ø
Longo período de comportamento diferente do
habitual.
Ø
Aumento na atividade sexual.
Ø
Abuso de drogas, particularmente cocaína,
álcool, e medicamentos para dormir.
Ø
Comportamento: provocativo, intrusivo e
agressivo.
Ø
Negação de que algo esteja errado.
Os sinais e sintomas de
depressão (ou episódio depressivos) incluem:
Ø
Sentimentos de tristeza ou pessimismo.
Ø
Tristeza, ansiedade ou sensação de vazio.
Ø
Sentimentos de culpa, falta de esperança e falta
de confiança no valor de si mesmo.
Ø
Perda de interesse por atividades ou prazeres de
que gostava, incluindo sexo.
Ø
Diminuição de energia, sentimentos de fatiga ou
estar devagar.
Ø
Dificuldade de concentração, de lembrar e tomar
decisões.
Ø
Agitação e irritabilidade.
Ø
Dormir demais ou não conseguir dormir.
Ø
Mudança no apetite e/ou aumento ou perda de
peso.
Ø
Dor crônica ou outro sintoma persistente não
causado por doenças físicas ou acidentes.
Ø
Pensamentos de morte, suicídio ou tentativas de
suicídio.
O que a Bíblia fala sobre a
mania (TBP)?
Devemos considerar que as
Escrituras tem autoridade nas nossas vidas e, portanto, Deus tem autoridade nas
nossas vidas (2 Timóteo 3.16).
A Bíblia nos dá sabedoria para nos
guiar em todas as situações. Mesmo em tudo aquilo que a vida nos oferece –
saúde, pobreza, inaptidão médica, diagnóstico psiquiátrico – a sabedoria da
Bíblia é sempre rica e relevante para nós.
Com respeito a mania, a Bíblia
nos diz que mania não pode fazer-nos pecar. Mania não pode nos conduzir a fazer
coisas que a Escritura proíbe (por exemplo: adultério), e não pode nos conduzir a fazer coisas que a
Escritura prescreve (por exemplo: amar o próximo). Mania pode criar um mundo de tentações. Por
exemplo, a mania pode levar a pessoa confiar em seu julgamento intuitivo
ao invés de coloca-la em uma condição de réu. Ela, a mania, ainda pode levar a
pessoa a confiar em seus próprios “méritos” ao invés de reconhecer suas
limitações e ou imperfeições. Dessa forma, a mania não está levando a pessoa a
fazer algo moralmente errado, mas está conduzindo o indivíduo em uma situação
perigosa, introduzindo-o num mundo de tentações.
Pare e pense
O entendimento popular da mania é que ela é um fenômeno médico. Ela é o
resultado de um desequilíbrio químico no cérebro e o tratamento é a reposição
das funções cerebrais com medicação apropriada.
As teorias psiquiátricas tendem a ver o ser
humano apenas numa condição física. As Escrituras, no entanto, vêm o homem em
duas condições (física e espiritual). Fisicamente nós consistimos de cérebro,
ossos, músculos e um maravilhoso conjunto bioquímico. Espiritualmente, nós
somos criados a imagem de Deus. Nós podemos conhecê-lO e segui-lO. Nós sabemos
a diferença entre o certo e o errado, e somos responsáveis por nossas decisões
morais. Problemas no cérebro não podem apagar essas características espirituais
do homem natural.
Portanto, quando a Palavra de Deus nos manda fazer algo como amá-lO e
ouvi-lO, ela fala para todos nós. Se aqueles com desequilíbrio químico fossem
isentos, nós poderíamos ser isentos também, porque ninguém pode afirmar que temos
uma perfeita função cerebral, pois todos nós, também, sofremos de alguma forma de oscilação de sentimentos.
Estratégias Práticas de
Mudança
O que nós precisamos é da graça –a ajuda de Deus para nós. Nós sempre
precisamos da graça, mas nós precisamos especialmente dela quando preferimos viver
sem as restrições e independente da autoridade divina. A surpreendente
característica da graça é o favor de Deus sobre nós, e Ele livremente nos dá. A
única exigência para receber a graça é que devemos crer que não somos
merecedores dela.
Sobre o que foi abordado, fica aqui algumas sugestões de como a mania
poderá ser tratada, segundo a prescrição bíblica:
1) Reconhecer e admitir sua necessidade da ajuda de Deus. (1
Coríntios 10.13)
2) Distinguir os problemas físicos dos problemas espirituais.
Algumas questões que podem ajudá-lo
nessa tarefa:
o
Você considera os outros mais importantes do que
você? –(Filipenses 2.3)
- Você é rápido para ouvir, tardio para falar e
tardio para se irar? (Tiago 1.19)
- Você busca conselho de outras pessoas para as suas
decisões? (Provérbios 12.15)
- Você busca a Deus naquilo que você faz? (Provérbios
3.5-6)
3) Confissão de erros passados – 1 João 1.9
4) Buscar viver sabiamente – Provérbios 1.7
Como?
o
Busque conselhos – Provérbios 11.14; 12.15;
19.20
o
Ouça – Tiago 1.19
o
Ande humildemente com o Senhor – Mateus 5.3;
Tiago 4.6
5) Busque ajuda médica
A maioria das pessoas que passam
pela extrema mania, se consulta com psicanalistas ou profissionais qualificados
da área da psiquiatria sobre o uso de medicamentos. Existem novos medicamentos
que surgem regularmente. A maioria deles são uma forma de Lithium ou medicações
que também tem sido usado no controle de convulsões.
Nesse caso, poderia se tentar a
medicação? Tipicamente, não se tem nada a perder e nada a ganhar. Na pior das
hipóteses, teremos um efeito indesejável ou colateral, ou então, a medicação
não terá efeito. Na melhor das hipóteses, teremos uma menor incidência aos ciclos
de humor ou uma maior incidência de pontos altos no humor.
6) Em que você deve esperar?
“Meus irmãos, tende por motivo
de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da
vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter
ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.” (Tiago 1.2-4)
Baseado no livro: WELCH, Edward T.,Bipolar Disorder, Understanding and Help for Extreme Mood Swings, CCEF, 2010